quarta-feira, 13 de março de 2013

Apresentação

Olá!

Tardei mas logo vim me apresentar. Iniciamos o nosso blog com o objetivo de juntar duas atividades que dominamos razoavelmente, afim de praticar, explorar e publicar. Contamos com suas criticas e, é claro, elogios para que possamos refletir e melhorar.

O blog não possui um tema definido, mas garantimos textos e ilustrações sempre que possível.

Bem vindos e divirtam-se!

Andressa B. Aboud (ou Corujinha)

quarta-feira, 6 de março de 2013

Cotidiano Noir.

 
  O vai e vem das pessoas no vagão lotado me faziam sentir como se as portas do inferno tivessem sido abertas. Era uma tarde chuvosa, depois de um dia escaldante e uma noite fria e abafada se aproximava, típica desta maldita cidade. As cólicas menstruais me faziam sentir pior do que o cheiro das pessoas ao meu redor, e a combinação era pura felicidade satânica não diluída. Eu me sentia como se a última gota estivesse pendendo de algum telhado, extremamente inclinada a fazer algo que apareceria no infame plantão da Globo.
 -"Estação Sé, cuidado com bolsas e celulares ao desembarcar, desembarque pelo lado..."
     A primeira parte de meu calvário diário terminara, mas ainda havia muito pela frente. A zona esquecida no lado leste da linha cor de sangue me aguardava, mas antes disso, o antro de almas perdidas que é a estação Sé era minha maior preocupação. Ao andar por aquele purgatório decadente, eu sentia os olhares que se fixavam em mim, e estes não me incomodavam tanto quanto os cotovelos, ombros e pernas dos vultos que me atropelavam , ensandecidos na tentativa de chegar até aqueles grandes cilindros de metal carregados de sujeira, miséria e falsas esperanças.
   O resto do percurso é irrelevante. Gostaria de acender um cigarro, mas as malditas leis não me permitem, e nem ao menos posso gritar e expulsar essa agonia que me corrói por dentro. Desembarco, e percebo através da ruas mal iluminadas que circundam a estação que não há mesmo nenhuma luz importante no fim do túnel.
   Duas horas perdidas, duas horas que jamais voltarão, como aquele livro que você emprestou para aquela amiga interesseira, que o levou embora como esse mundo cinzento e maçante levou minha vontade de sorrir.        
    Enfim casa, cama, e o repouso de alguém que enfrentou o inferno urbano. O cheiro de urina não saiu de minhas narinas, apesar do banho, mas é natural: com passar do tempo tudo nessa cidade fede a mijo. Hora de dormir,descansar esses ossos gastos, e pensar na possibilidade de carregar comigo um brinquedo de aço que possa abrir buracos na multidão e acabar com suas existências infelizes e enviá-los para um inferno mais piedoso. Melhor não sonhar muito alto, alguém pode ouvir.

Apresentação

E cá estamos nós, iniciando este novo blog. O trocadilho é simplório, mas não deixa de ser funcional, uma vez que este se pretende um espaço para a exposição de contos, resenhas, ilustrações e que tais. Inicialmente somos dois colaboradores, este que vos fala e a Srta. Andressa, que deverá se apresentar em breve. Esperamos que apreciem e contribuam,comentem, deem sugestões e o que mais lhes aprouver.

Sejam sempre bem vindos,
 Cordialmente,
   João Pedro L. G. (mas podem me chamar de John)